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O Sítio Tico-Tico e a cidade da Lapa

Nhô Fernando Weinhardt

Foi um homem empreendedor. Trabalhou como Guarda Fio dos Telégrafos, Delegado da Lapa e foi um Tropeiro que comprava e vendia gado sendo sua propriedade também usada como “pouso de tropas”. Foi homenageado pelo Quartel do Exército da cidade pela sua figura ímpar de honestidade e legitimidade lapeana. A pintura de seu retrato se encontra no Salão do Quartel onde funcionava o Cassino do local.

Sua condução sempre foi a mula. Todos os anos, nos desfiles da Independência era o Sr. Fernando que ia à frente com a bandeira do Brasil.

Foi casado com Rosa Dietrich com quem teve 6 filhos: Ismael, Roberto, Eliseu, Pedro Jorge, Guilhermina (Nenê) e Leonor.

Sítio Tico Tico

Este Sítio foi uma das propriedades do Sr. Fernando Weinhardt. Ele criava, vacinava, castrava e curava o gado que possuía numa mangueira e num “tronco” que havia aqui.

Fazia-se a apartação do gado do Sítio, encaminhando-o para outras propriedades ou soltando na estrada, pois a localidade tinha a estrutura de “Faxinal”, em que todos têm seus animais marcados e soltos para aproveitar o pasto que havia no local. No Sítio também haviam lavouras de milho e feijão e uma casa antiga, com cozinha de chão batido, dois quartos e muita prosa nas noites ao pé do fogo.

Após o falecimento do sr. Fernando, suas terras foram divididas entre seus filhos, cabendo a Roberto Weinhardt, Chefe de Linha dos Telégrafos, 52,3 ha de terra, justo a área do Sítio Tico Tico.

Roberto casou-se com Iolanda Budant e tiveram uma filha: Irani Budant Weinhardt. Irani, teve dois filhos: Fabíola e Fabiano. Fabíola, teve duas filhas: Bibiana e Beatriz. Fabiano teve um casal de filhos, Isabela e Murilo.

Hoje as áreas de pasto foram reduzidas (3,6 ha), pois só criam-se os cavalos para passeios. Já a área de lavoura foi ampliada e é arrendada para produção de soja, milho e feijão (22 ha). Mas ainda tem-se 25,7 ha de mata nativa preservada e apenas 1 ha com suas benfeitorias.

O Sítio Tico Tico é herança desta família lapeana que tem orgulho de sua tradição rural e tropeira e todas as suas histórias contadas e escritas.

Sobre a cidade da Lapa

Fundada em 1769, a cidade da Lapa é uma das cidades mais antigas do Paraná. Sua origem deve-se a passagem dos tropeiros que atravessavam a região e faziam da localidade uma de suas paradas. Os tropeiros ficavam cerca de 6 meses na cidade, no período chamado de “invernada do gado”, quando os animais que eram levados até Sorocaba, descansavam e engordavam. A localidade foi chamada inicialmente de Freguesia de Santo Antônio da Lapa, e estava sob a jurisdição da então “vila de Curitiba”. Em 1806 foi denominada Vila Nova do Príncipe e em 1872 foi elevada à categoria de cidade, sendo nomeada simplesmente: Lapa. Sua economia se desenvolveu baseada em atividades de apoio aos tropeiros e mais tarde, a região foi uma das mais importantes na emancipação do estado do Paraná, pois era um dos maiores polos de exploração e exportação de erva-mate e madeira.
Rica em turismo histórico, cultural e religioso, a cidade é marcada pelo famoso “Cerco da Lapa”, ocorrido em seus arredores.

Cerco da Lapa

Durante a Revolução Federalista em 1894, a Lapa tornou-se arena de um sangrento confronto entre as tropas republicanas, os chamados Pica-paus e os Maragatos contrários à república.

A Lapa resistiu bravamente até que os Lapeanos comandados pelo General Ernesto Gomes Carneiro, caíram exaustos em combate. Resistiram ao cerco por 26 dias, mas sucumbiram ante ao maior número do exército republicano.

O episódio ficou conhecido como o “Cerco da Lapa”, a batalha deu ao Marechal Floriano Peixoto, chefe da república, tempo suficiente para reunir forças e deter as tropas federalistas. Ao todo foram 639 homens entre forças regulares e civis voluntários, lutando contra as forças revolucionárias formadas por três mil combatentes.

Os restos mortais do General Carneiro, assim como de muitos outros que tombaram durante a resistência, estão sepultados no Panteon dos Heróis, vigiados permanentemente por uma guarda de honra do exército brasileiro.

A Lei 13.570/2017 institui o Dia Nacional do Cerco da Lapa em 09 de fevereiro, dia que ficou marcado por ser a data da morte de General Carneiro, comandante das tropas na Lapa a favor da República. Então, nesta data, é feriado no município da Lapa.

O que mais posso conhecer na Lapa?

Diversos pontos turísticos históricos!

Monumento ao Tropeiro

Painel em azulejos de Poty Lazarotto, homenageando o tropeirismo, atividade econômica que deu origem à cidade.

Casa Vermelha e Museu do Tropeiro

É uma das moradias mais antigas da Lapa (início do séc. XIX) onde funciona o Centro de artesanatos e o Museu do tropeiro, o qual retrata o caminho de Viamão, que ligava o Rio Grande do Sul à Sorocaba-SP e que deu origem a diversas cidades paranaenses.

Theatro São João

Uma das mais preciosas peças arquitetônicas do acervo edificado na Lapa. Com capacidade para 212 expectadores, possivelmente foi inaugurado em 1876, em arquitetura neoclássica.

D.Pedro II o visitou em junho de 1880 e, em 1894 funcionou como Hospital e enfermaria durante o Cerco da Lapa na Revolução Federalista. Sofreu três restaurações respectivamente em 1929, 1950 e em 1976. Foi tombado pelo Patrimônio Histórico do Paraná em 1969 e pelo Patrimônio Histórico Nacional em 1984. Trata-se do último exemplar desse tipo de construção no Paraná a guardar suas características originais.

Museu Histórico da Lapa

Casa onde faleceu Gen.Carneiro, possuindo objetos antigos dele e da Revolução Federalista. Fica ao lado do Theatro São João.

Igreja Matriz de Santo Antonio (padroeiro da Lapa)

Construída entre 1769 e 1784, contém imagens do século passado, de procedência européia. É o marco arquitetônico mais antigo da cidade, sendo tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional em 1938.

Monumento à Gomes Carneiro

Estátua em bronze do escultor Paranaense João Turim (1928), fica na Praça General Carneiro e é uma homenagem ao Comandante da resistência ao Cerco Federalista em 1894.

Panteon dos Heroes

Inaugurado em 1944, no cinquentenário do Cerco da Lapa. Nele encontram-se os restos mortais de General Gomes Carneiro e dos bravos que tombaram na batalha.

Casa Lacerda

Imóvel de estilo luso brasileiro, demonstrava como vivia uma família de classe média no século passado. Durante a Revolução Federalista serviu de quartel e a assinatura da Ata de capitulação da cidade da Lapa ocorreu em sua sala. Esse fato Histórico motivou o tombamento do imóvel em 1938.

Casa da Memória (Casa dos Cavalinhos)

Construída em 1888. Na fachada possui 10 cavalos alados. Isso se deve ao fato de seu primeiro dono ter sonhado com cavalos alados e ganho o prêmio máximo da loteria imperial.

Fonte do Quebra Pote

Seu nome foi dado por se quebrarem os potes de barro com água quando as pessoas que subiam da fonte e escorregavam na lama. Foi fechada no século XIX por epidemia de tifo e reaberta em 2004.

Prefeitura Municipal

Construída em 1890, com a doação de 5.000 réis feita por D. Pedro II em 1880, para abrigar a escola pública e o primeiro ginásio da Vila Nova do Príncipe. Foi tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional.

Casa da Câmara e Cadeia (Museu das Armas)

O imóvel de dois andares foi utilizada como cadeia a partir de 1862, mas foi inaugurada em 1868. Posteriormente, passou por um processo de restauração sendo tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Hoje, no andar superior é a Câmara dos Vereadores e no inferior, o Museu das Armas usadas na Revolução Federalista de 1894 e também armas utilizadas na Primeira e Segunda Guerra Mundiais.

Santuário de São Benedito

Construído em 1947, antes era capela dos escravos (desde 1870). Seu estilo é moderno e simples, e conserva a primitiva imagem de São Benedito. Lá ocorrem a Festa de São Benedito e a Congada da Lapa.

Gruta do monge (João Maria D´Agostinis)

Este monge se dedicava ao estudo das plantas da região, medicava enfermos, realizava profecias e fazia orações. No dia 27 de março comemora-se o dia do Monge João Maria.